Transferência de Centros de Distribuição

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Definição

Conjunto de técnicas empregadas para o posicionamento estratégico de centros de distribuição e para o planejamento de estruturas otimizadas, implantação e posterior operacionalização logística, considerando as características particulares de demanda, fluxo de movimentação, janelas de recebimento e expedição, condições de armazenamento, capacidade, equipamentos de movimentação, docas, número de recursos humanos necessários, turnos de trabalho, gestão e controles, softwares integrados, entre outras variáveis.

Projetos desta natureza podem-se ser desenvolvidos de duas diferentes formas:

  • Parcial, como por exemplo, apenas a análise para definição do melhor ponto de localização do centro de distribuição ou uma análise operacional e financeira para avaliar a viabilidade de alteração de uma estrutura já concebida, revisão e otimização dos processos internos, ampliação de uma estrutura já disponível, implantação e integração de um novo software de gestão ERP (planejamento de recursos corporativos) ou WMS (sistema de gerenciamento de armazéns).
  • Integral, com a estruturação completa de um novo centro de distribuição, desde a sua concepção até a efetiva implantação.

Etapas

A seguir serão apresentadas as etapas para o desenvolvimento de um projeto integral de localização, estruturação, implantação e operação de um novo centro de distribuição.

  1. O primeiro passo para o desenvolvimento de um projeto desta natureza é a avaliação das projeções de crescimento da empresa para que o novo centro de distribuição tenha capacidade suficiente de suportar o crescimento de mercado esperado pela organização nos próximos anos.
  2. Caso a empresa já disponha de uma estrutura consolidada, pode-se realizar um mapeamento para identificar a possibilidade de ajustes no processo, através do desenvolvimento de melhorias, como forma de manter a estrutura sem grandes alterações estruturais por mais alguns anos, ou seja, sem a necessidade de desprendimento de investimentos muito elevados. Pode-se ainda verificar a possibilidade de ampliação da estrutura disponível, caso esta seja uma possibilidade. Todas estas análises devem sempre ser realizadas utilizando como referência as projeções de crescimento.
  3. Após as análises iniciais e constatada a necessidade de construção de um novo centro de distribuição, em função das projeções de crescimento, o passo seguinte é a condução de um estudo para identificação do melhor ponto de localização da nova estrutura. Este estudo é realizado através da aplicação da técnica denominada centro de gravidade. A localização mais apropriada para o atendimento dos clientes constitui um dos fatores críticos do sucesso de qualquer organização, além de ser uma forma de obter vantagens competitivas. O objetivo primordial deve ser a definição de uma localização capaz de atender da forma mais eficiente possível toda a rede logística e como consequência possibilitar a redução dos custos totais.

Ronald H. Ballou (considerado o pai da logística empresarial) defende que a reconfiguração das instalações de uma cadeia logística pode levar a reduções de custos que variam de 5% a 15%, ao mesmo tempo em que o nível de serviço é mantido ou melhorado.

O método do centro de gravidade consiste em definir, para cada instalação ou mercado existente, uma coordenada horizontal e vertical. Estas coordenadas são calculadas através das seguintes fórmulas:

Onde:

Xi = coordenada da longitude

Yi = Coordenada da latitude

dixVi = peso cubado * longitude

diyVi = peso cubado * latitude

Ʃkg = somatória do peso cubado

  1. Definida a melhor localização, o passo seguinte é a aplicação dos cálculos para definição do número de posições de armazenagem necessárias para cada família de produtos da empresa. Estes cálculos são realizados considerando duas variáveis: projeções de vendas e o levantamento das dimensões de cada item (volumetria do estoque).
  2. Na sequência, deve-se realizar um estudo de afinidades para acondicionamentos coletivos. Este estudo consiste na avaliação das diferentes dimensões dos itens com o objetivo de agrupá-los por meio de afinidades dimensionais para otimizar ao máximo as estruturas de armazenagem.
  3. Com estas informações processadas pode-se iniciar a fase de prototipagem da nova estrutura, incluindo o número de posições necessárias, fluxo de movimentação (entrada, preparação de material, saída de materiais, expedição, modos de movimentação, lógica de armazenamento, picking, direcionamento das docas entre outros) e, por conseguinte, as dimensões necessárias do prédio.
  4. Avaliação e escolha dos tipos de estrutura de armazenagem. Basicamente existem três tipos de estruturas possíveis:

a) Centro de distribuição 100% automatizado com o uso de transelevadores;

Transelevadores

b) Centro de distribuição semiautomático (verticalizado), com estrutura autoportante para a utilização de empilhadeiras trilaterais e selecionadoras de pedido guiadas por fio indutivo;

Fio Indutivo

c) Centro de distribuição convencional para a operação de empilhadeiras convencionais.

Esta fase deve ser conduzida com cautela e com o levantamento do maior número possível de informações técnicas e operacionais dos equipamentos, como capacidade, velocidade, altura de elevação, autonomia, tempo para carregamento das baterias, garantia, assistência técnica, entre outras variáveis e particularidades de cada operação. Recomenda-se que sejam realizadas visitas em empresas que utilizam os equipamentos para uma avaliação prática. Os próprios fornecedores do equipamento oferecem esta possibilidade.

  1. A próxima etapa é a definição do número de docas necessárias, considerando os estudos de frequência e volume de recebimento e expedição.
  2. Na sequência, deve-se conduzir um estudo para definição dos equipamentos de movimentação de acordo com as características do projeto. Há diversos tipos de equipamentos com características particulares, cada um recomendado para um tipo de operação. Após a seleção dos tipos de equipamentos que serão utilizados, deve-se conduzir uma simulação das movimentações diárias com o objetivo de definir o número de equipamentos que serão necessários para suportar a operação.
  3. Finalizadas todas as etapas anteriores, o passo seguinte é realizar a revisão final do projeto e o seu respectivo detalhamento, com simulações em 3D para melhor visualização.
  4. Concluído o projeto do centro de distribuição, deve-se ainda projetar o número de recursos humanos necessários para a sua operacionalização. O número de recursos humanos irá variar em função do número de turnos de trabalho. Para propiciar a otimização dos recursos, pode-se utilizar a pesquisa operacional através do solver do próprio Excel.
  5. O passo seguinte é a análise e seleção do software de gestão que será utilizado para o controle de materiais. O software deve ser o mais aderente possível ao projeto proposto. Nesta fase são demandas reuniões junto aos fornecedores para avaliação de suas funcionalidades, vantagens e desvantagens.
  6. Complementarmente, deve-se na próxima etapa, realizar um estudo de alocação dos materiais por famílias para definição do endereçamento e codificação por setores e ruas do centro de distribuição. Toda esta lógica deverá, posteriormente, ser migrada para o software de gestão. Para a definição do endereçamento deve-se considerar a análise de Pareto (curva ABC dos itens) e o giro de estoque. Esta análise pode ser realizada através da avaliação dos relatórios contendo os dados históricos de movimentação da operação.
  7. Com todas as etapas anteriores concluídas é o momento de desenvolver todos os procedimentos e instruções de trabalho para a efetiva operacionalização do novo centro de distribuição. Todo este material deverá ser utilizado para treinar os colaboradores que farão parte da equipe de trabalho.
  8. Com a conclusão de todas as definições, o último passo refere-se à elaboração da estratégia de mudança ou de startup da nova operação. Em muitos casos esta é a parte mais crítica do projeto pois a empresa precisa fazer a mudança (ou startup) sem interromper a sua operação e consequentemente sem afetar os seus clientes. Por este motivo, este planejamento precisa ser muito bem detalhado e consistente.
  9. A parte final do projeto envolve todo o acompanhamento da operação, seguindo os procedimentos que foram estabelecidos. Não há um prazo ideal de acompanhamento. Recomenda-se que ele seja realizado por pelo menos 1 mês ou até que o processo flua sem a necessidade de interrupções ou de aplicações de ajustes.

Benefícios

  • Otimização de recursos e redução de custos;
  • Otimização de toda operação (eficiência operacional);
  • Aplicação das técnicas mais modernas utilizadas no mercado, incluindo equipamentos, estruturas, tecnologias e conhecimento;
  • Operação enxuta, sem desperdícios e com índices de erro próximos a zero;
  • Obtenção de vantagens competitivas, principalmente no que se refere a localização estratégica do centro de distribuição;
  • Melhoria dos prazos de atendimento dos clientes, influenciando o seu nível de satisfação.

Aplicação

A seguir serão apresentados alguns exemplos das técnicas descritas neste tópico e que foram aplicadas em casos reais.

  • Estudo do centro de gravidade para uma operação em que 50% da expedição é realizada por uma fábrica localizada em Contagem/MG e 50% por um centro de distribuição localizado em Atibaia/SP. Com a capacidade instalada ficando obsoleta, realizou-se um estudo para determinação da melhor localização de um novo centro de distribuição, considerando o posicionamento geográfico da fábrica e dos clientes. O resultado é apresentado na figura a seguir.
  • Análise da projeção de crescimento de uma determinada empresa, definição do número de posições necessárias e esboço do layout e fluxo de movimentações.
  • Análise para definição dos tipos de equipamentos demandados.
Equipamentos
  • Estudo do fluxo de movimentação para definição do número de equipamentos necessários.
Deslocamento de Empilhadeira
  • Revisão e estruturação do projeto em 3D.
  • Desenvolvimento do macro processo de funcionamento do centro de distribuição.
  • Desenvolvimento dos procedimentos e instruções de trabalho.
Desenvolvimento dos Procedimentos
  • Desenvolvimento do organograma para o novo centro de distribuição.
  • Cálculo do número de recursos humanos necessários para a operação, considerando os turnos de trabalho.
  • Exemplo de alocação das famílias por setores e ruas do centro de distribuição.
centro de distribuição

Muitos dos exemplos apresentados nesta seção de aplicação compõem o artigo que foi publicado na revista mundo logística e que rendeu a Nortegubisian o prêmio de 2º melhor projeto de logística do ano de 2012.

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