O que é Six Sigma?

Para dar apoio aos grandes desafios enfrentados pelas empresas de todo o mundo, ferramentas estatísticas e de qualidade foram desenvolvidas na busca por processos estruturados, disciplinados, baseados em dados, para a melhoria do desempenho dos negócios. Neste artigo trataremos do Six Sigma.

Tido como uma filosofia gerencial, o Six Sigma (Seis Sigma em português) é o método que agrupa ferramentas estatísticas e de qualidade, como meios que orientam a execução das práticas de gestão na busca contínua por melhorias. Para os gestores e gerentes de produção e qualidade, representa uma forma de conhecer a real identidade de seu processo e, mais do que isso, poder predizer os resultados mediantes as mudanças impostas pelo mercado.

História

A partir da 2ª Guerra Mundial foi notada uma grande expansão e aceitação dos conceitos relacionados as ferramentas estatísticas da qualidade nas indústrias de manufatura. A experiência da guerra tornou evidente que técnicas estatísticas eram necessárias para controlar e melhorar a qualidade do produto. A Sociedade Americana de Controle de Qualidade foi formada em 1946. Nas décadas de 50 e 60 viu o surgimento da engenharia da confiabilidade, a introdução de vários estudos importantes relacionados ao tema e o ponto de vista de que a qualidade é uma forma de gerir uma organização (Montgomery, 2010).

A difusão do método Seis Sigma foi relativamente lenta até o final de 1970 e início de 1980, quando muitas empresas ocidentais descobriram que seus concorrentes japoneses já vinham utilizando sistematicamente métodos estatísticos desde os anos 1960 para resolução de problemas nos processos, desenvolvimento de novos processos, avaliação de projetos de novos produtos, melhoria de confiabilidade e desempenho em campo dos produtos e muitos outros aspectos do design do produto, incluindo a seleção de componentes e sistemas tolerâncias. Tal descoberta despertou ainda mais o interesse pelo Seis Sigma, o que resultou em grandes esforços para introduzir o método nas organizações de engenharia e desenvolvimento na indústria, bem como em programas educacionais, como em cursos de engenharia.

Durante a década de 90 o Brasil deu início a política de abertura comercial exterior, o que viabilizou a integração comercial traduzido pela globalização. Para as organizações isto representou a necessidade de adotar padrões internacionais a fim de aumentar a qualidade de sua gestão e consequentemente sua competitividade.

Por que o nome Six Sigma?

Todo processo tem uma medida que é esperada, uma média. Contudo, de maneira particular, todos esses processos sofrem alguma variação. A medida dessa variação é chamada sigma.

O Seis Sigma tem este nome porque há 6 níveis de qualidade, sendo que cada etapa (chamada de sigma – σ) apresenta a quantidade máxima permitida de defeitos por milhão. É medida a frequência com que erros são cometidos, com o objetivo de atingir estatísticas próximas ao sexto nível sigma (6-sigma).

Quando falamos em “6 Sigma”, entende-se a redução da variação no resultado entregue aos clientes numa taxa de 3,4 falhas por milhão ou 99,99966% de perfeição. Podemos ver na tabela abaixo quais os níveis sigma – defeitos por milhão.

Assim, quando um produto tem 6 Sigma isto nos diz que sua qualidade é excepcional, significando que a probabilidade de produzir defeitos é extremamente baixa, quase nula. Essencialmente, o sigma é uma medida estatística para medir a taxa de falhas. Quando o sigma é baixo, 1 ou 2, significa que as taxas de falhas são extremamente elevadas. Quando o sigma é alto, 5 ou 6, as falhas são extremamente raras.

O método DMAIC

As ferramentas do Seis Sigma, se corretamente utilizadas pelos colaboradores, proporcionam um nível de excelência elevado no que diz respeito à gestão operacional: “o poder das pessoas usando o poder dos processos”.

Reduzir a variabilidade e os defeitos é a essência do método Six Sigma, o qual fornece um kit de ferramentas padrão para melhorar o negócio.

Para a realização do Projeto Six Sigma, utilizaremos o método DMAIC (representado na figura abaixo) e as ferramentas estatísticas da qualidade de forma disciplinada, baseado em dados e com foco na melhoria do desempenho do processo.

Abaixo apresentamos uma descrição detalhada do método DMAIC e suas ferramentas:

• Definir: definir os objetivos do projeto e entender/traduzir as necessidades dos clientes (externos e/ou internos), identificar as métricas (indicadores de desempenho) que estão relacionados aos objetivos do projeto.
  • Definir o incômodo da organização, suas consequências para o negócio, os resultados esperados, as restrições do projeto, o time de melhoria e o macro cronograma do projeto (Contrato do projeto);
  • Desenvolver uma visão global do processo, assinalar áreas de melhoria e assegurar foco no cliente (SIPOC);
  • Ouvir a Voz do Cliente (VOC);
  • Traduzir a Voz do Cliente em Características Críticas para Qualidade (Árvore CTQ’s).
• Medir: medir o processo e suas diferentes partes, para determinar sua performance atual e quantificar o problema por meio de coleta de dados, ajudando a melhorar a compreensão sobre o fluxo de processo, localizar gargalos, permitir medir tempo de ciclo de atividades, identificar complexidades e desperdícios, identificar oportunidades para reduzir custos de processamento e identificar “quick wins”.
  • Conhecer o processo em detalhes, distinguir atividades que agregam valor (VA), diferenciá-las das que agregam custo (CA) e identificar pontos de medição de variáveis;
  • Identificar as relações Y=f(x), buscando por variáveis de entrada, processo e estratificação, relacionadas com as variáveis de saída do processo;
  • Desenvolver o plano de coleta de dados;
  • Garantir a redução da variação nas medidas;
  • Validar o sistema de medição (M.S.A);
  • Coletar os dados;
  • Estudar o processo (Teste de normalidade, Diagrama de Pareto, Dotplot, Histograma, Gráficos de controle, Estudo de capacidade).
• Analisar: obter um diagnóstico do processo em estudo e buscar as causas raízes da baixa performance, ajudando no aumento do conhecimento sobre o sistema, em relação às causas que atuam no processo e identificação de focos de mudança a serem desenvolvidos na fase Implementar a Melhoria
  • Investigar o processo (cartas de controle, teste de hipótese);
  • Determinar causas raízes (Brainstorming, 5 porquês, diagrama de Ishikawa);
  • Determinar as relações entre as variáveis X’s com Y=f(x) (gráfico de dispersão e correlação, gráfico de tendência, análise multi-vari, matriz de priorização, gráfico de barras);
  • Identificar fontes de variação (Delineamento de experimentos).
• Implementar Melhorias: propor, desenvolver e testar mudanças, ajudando na identificação das mudanças que efetivamente resultarão em uma melhoria.
  • Propor e desenvolver mudanças (Matriz Impacto-Esforço);
  • Analisar os riscos das mudanças desenvolvidas (FMEA, Poka-Yoke);
  • Testar as mudanças em escala piloto;
  • Avaliar os resultados (impactos nas métricas do projeto);
  • Planejar a definitiva implementação das mudanças que serão melhorias (5W2H).
• Controlar: perpetuar os conhecimentos e as melhorias conquistadas, garantir que os resultados obtidos (melhorias de processos) se mantenham ao longo do tempo, ajudando na avaliação dos ganhos e alavancagem do processo de melhoria contínua.
  • Realizar efetivamente o plano de implementação (Check-list);
  • Padronizar a mudança;
  • Monitorar o sistema (Cartas de controle, Análise de capacidade);
  • Avaliar os ganhos e celebrar a conquista (Management report).

Benefícios do Six Sigma

Entre os benefícios apresentados pelo Six Sigma pode-se destacar:

• Padronização e estabilidade dos processos
• Redução o estresse causado pelos problemas de qualidade
• Maior produtividade
• Redução dos custos causados por erros e retrabalhos
• Aumento da satisfação dos clientes internos e externos

O papel do Six Sigma na mudança cultural da organização

Por ser também considerado uma filosofia de trabalho, a incorporação do método e das ferramentas de melhoria do Six Sigma fomenta a mudança no comportamento das pessoas uma vez que:

• É guiado por desempenho: todos os projetos Six Sigma precisam ter um impacto tangível;
• Motiva as pessoas: um investimento significativo em treinamento ajuda a liberar tempo para inovação;
• Cria confiança: a confiança no pensamento científico tornará as decisões mais transparentes;
• Envolve mudança: a mudança de processos mudará o modo como as pessoas trabalham e eliminará burocracia;
• Fomenta trabalho em equipe: projetos Six Sigma são desenvolvidos por equipes e exigem grande trabalho em equipe
• É orientado ao cliente: as exigências do cliente norteiam a seleção dos projetos Six Sigma.

Mas como o Six Sigma ajuda a mudar a cultura de uma empresa?

• Fornecendo um kit de ferramentas padrão para melhorar processos de negócios;
• Tornando os processos transparentes, gerenciáveis;
• Permitindo tomada de decisão baseada em fatos;
• Fornecendo uma plataforma para crescimento lucrativo;
• Alinhando as metas organizacionais e de processos;
• Ajudando a estabelecer o foco no cliente;
• Estabelecendo uma linguagem comum e facilitando a comunicação entre as pessoas e os fornecedores e clientes internos.

Se você gostou desse conteúdo, confira nosso artigo sobre os 7 erros que não podem ser cometidos ao implementar Six Sigma! Também nos acompanhe no Blog, LinkedIn, Facebook e Instagram para mais conteúdos como este.