Toda empresa tem ciência de que o gerenciamento de estoques tem como desafio possuir a quantidade necessária para alcançar as propriedades competitivas do modo mais eficiente. Contudo, determinar o nível adequado de estoque de cada item, levando em conta os custos, incertezas e restrições do ambiente logístico, não é em geral uma tarefa trivial. Ao se tratar de itens MRO (Manutenção, Reparo e Operação) o desafio atinge outro nível, especialmente no caso de peças de reposição de equipamentos, devido a características particulares, como baixo giro, imprevisibilidade da demanda e criticidade para operação. Este case pretende apresentar os cuidados que devem ser levados em consideração para obter resultados eficazes na gestão de itens MRO.
O Desafio
Empresa nacional líder em soluções de aviação executiva, com mais de 60 anos de história, possui a sua principal operação de reparo das aeronaves presente no estado de São Paulo, onde se encontra o almoxarifado de peças de reposição, com sua expressiva maioria importada dos Estados Unidos. Uma dificuldade recorrente era obter as peças no momento necessário para o reparo das aeronaves, tornando-se comum a prática de embarques emergências, resultando em fretes mais caros (“over night”), por vezes mais caro do que a própria peça. Outro impacto considerável para o negócio era o grande volume de itens obsoletos em estoque. Tais sintomas evidenciam uma gestão incompatível com a realidade da operação de manutenção.
Na busca por redução de custos logísticos e aumento do nível de serviço (SLA), a empresa procurou a parceria com a Nortegubisian objetivando uma gestão de estoque de peças alinhada com as particularidades de sua operação por meio de uma coerente com características dos itens MRO (Manutenção, Reparo e Operação).
A Solução
O primeiro passo dado no projeto foi mapear toda a logística envolvida na aquisição de peças importadas para as aeronaves, desde o levantamento da necessidade passando pelo planejamento até a entrega para operação por meio de requisições à equipe do almoxarifado. Tal entendimento foi fundamental para enxergar as defasagens em relação aos conceitos teóricos ligados a gestão de MRO.
Entre os principais equívocos na condução do processo estava na maneira como era tratada a curva de consumo das peças de reposição. Para uma gestão eficaz é importante entender que a realização de serviços com itens MRO possuem uma “identidade” diferente de materiais de consumo regular como, por exemplo, matérias-primas utilizadas em um processo de fabricação. Em outras palavras, o cliente estava utilizando um modelo matemático para o cálculo de parâmetros de estoque errado, assumindo que a curva de consumo possuía uma média e variação Normal (Curva de Gauss), quando na verdade itens MRO apresentam curvas de consumo não-normais (assimétricas em torno da média – vide imagem abaixo).
Portanto, foi fundamental adequar os modelos matemáticos de forma que representassem a reais características de itens MRO de acordo com a média de consumo e sua respectiva variação
Contudo, para itens de baixíssimo consumo (slow moving), ou seja, com maior potencial de se tornarem obsoletos, é preciso uma atenção especial, já que não há modelos matemáticos que auxiliem na gestão adequada destes itens. Neste caso, a questão se torna binária (ter ou não ter?) e a resposta virá por meio do estabelecimento de políticas internas.
Portanto, o modelo binário é heurístico, no qual a tomada de decisão de ter ou não um item em estoque será conjunta entre a área que fornece (Almox.) e a que recebe (Operação) a partir de critérios padronizados/consensuados. No nosso trabalho propomos os critérios com base na classificação de 4 curvas de estoque:
Curva ABC: essa classificação leva em consideração o valor de compra (Qtd x R$ Unit) dos itens em estoque. Portanto, avalia o quão importante é um item sob ótica financeira (nível de estoque em valor) (Diagrama de Pareto);
Curva PQR: essa classificação leva em consideração a “Popularidade” dos itens em estoque de acordo com o giro de cada item. Portanto, avalia o quão importante é um item sob ótica logística (frequência de consumo);
Curva XYZ: essa classificação leva em consideração a criticidade de determinados itens de estoque. Portanto, avalia o quão operacionalmente a falta de um item no estoque prejudica ou não a operação;
Curva 123: essa classificação leva em consideração a dificuldade/complexidade de aquisição de determinados itens de estoque. Portanto, avalia o quão logisticamente é difícil e/ou burocrático de se comprar um material.
As duas primeiras curvas podem ser calculadas com auxílio de uma planilha, enquanto as demais precisam ser definidas pelas áreas envolvidas com o critério, no caso Operação/Manutenção envolvidos com a Curva XYZ e Almoxarifado/Compras com a Curva 123. Abaixo segue exemplo dos critérios que foram estabelecidos para curva 123:
As classificações realizadas para cada item de estoque, do modelo binário, simplificaram o estabelecimento das políticas de estoque. Abaixo segue um exemplo que ilustra uma das possíveis combinações e a respectiva ação definida:
Com os conceitos corretos revisados, parâmetros calculados e planilhados, políticas internas definidas para slow moving e equipe capacitada foi possível dar início as primeiras rodadas de avaliação da necessidade de compra e monitoramento dos KPIs nível de estoque em valor versus nível de serviço.
Os Resultados
Ao final do projeto, foi possível comparar o desempenho anterior com o potencial de melhoria a ser atingido pela empresa.
O SLA sairá de 70% para 95% com quase 43% menos de itens em valor no estoque por meio do uso das novas ferramentas implantadas com a assessoria da consultoria.
Agora que você já entendeu um pouco mais sobre esse tema, que tal entrar em contato com a Nortegubisian para saber como podemos ajudá-lo? Aproveite também para nos seguir nas nossas mídias sociais (Facebook, LinkedIn e Instagram).