Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA)

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O FMEA (Failure Mode and Effect Analysis – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos), é uma ferramenta de gerenciamento de risco. Não é novidade que ser um empreendedor pode trazer bons frutos financeiros e profissionais. No entanto, é importante lembrar que essa atuação requer muito conhecimento e dedicação por parte dos envolvidos.  

Nesse cenário, alguns processos são importantes para proteger o negócio de possíveis ameaças e garantir que ele possa se desenvolver e se destacar no mercado. O gerenciamento de risco é essencial no sucesso de qualquer empreendimento e essa etapa pode ser conduzida por meio de diferentes ferramentas.

Para que você fique por dentro do assunto, elaboramos um conteúdo que fala sobre os principais pontos de uma dessas ferramentas: a FMEA. Continue a leitura e saiba mais!

O que é o gerenciamento de riscos?

Antes de qualquer coisa, vamos explicar melhor o que é o gerenciamento de riscos e por que ele é importante para as empresas. Em seguida, detalharemos a ferramenta FMEA. 

O gerenciamento (ou a gestão) de riscos identifica os pontos de atenção aos quais uma empresa está exposta. Tais fatores são medidos ou estimados com o intuito de desenvolver estratégias para reduzi-los ou até eliminá-los. A ideia é diminuir as incertezas da companhia, principalmente quando for preciso tomar uma decisão que está relacionada a algum risco encontrado.

Todo esse processo ajuda na previsão e na prevenção da instabilidade corporativa, de maneira que os gestores possam saber “onde estão pisando”. O ideal é que os riscos sejam identificados em todo início de projeto, assim a equipe poderá se preparar da melhor forma.

Do que se trata a FMEA?

Como citamos, o gerenciamento de riscos dentro das empresas é feito por meio de ferramentas específicas para esse fim. Uma das principais é a FMEA, sigla para Failure Mode and Effect Analysis (Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos).

Basicamente, trata-se de sistematizar um grupo de atividades para identificar, avaliar e eliminar falhas potenciais ou conhecidas de sistemas, processos, serviços ou produtos antes que cheguem ao cliente. A partir da avaliação desses pontos, é possível detectar suas causas e efeitos no desempenho dos sistemas, processos ou produtos, além de determinar os impactos sobre o cliente.

Por meio da ferramenta, são definidas ações capazes de reduzir ou eliminar a ocorrência. Assim, aumenta-se a probabilidade de detecção dessas falhas a partir de planos de ação que direcionem decisões focadas em melhorias e as classifiquem em termos de importância, visando aumentar a confiabilidade.

Quais são os tipos de FMEA?

Como apontamos no tópico anterior, a FMEA pode ser utilizada para a identificação de falhas em sistemas, processos, produtos ou serviços. Detalhamos alguns tipos a seguir:

  • FMEA de Sistemas: adotada na avaliação de sistemas e subsistemas nas fases iniciais de concepção do projeto. Tem o foco nos modos potenciais de falha entre as funções globais, identificando alguma deficiência no próprio sistema. Avalia também a interação entre sistemas e os elementos de cada um deles;
  • FMEA de Processos: utilizada para a avaliação dos processos de manufatura e montagem, com foco nos modos de falhas que causam deficiências;
  • FMEA de Produto ou Projeto: usada na avaliação de um produto antes que ele seja liberado para a manufatura, com foco em possíveis deficiências que causam falhas no projeto;
  • FMEA de Serviços: útil para a avaliação de serviços antes que eles cheguem aos clientes, com foco em deficiências do processo que possam levar a erros.

Quais etapas constituem a FMEA?

A ferramenta FMEA deve ser adotada em etapas. Acompanhe!

Definição do tipo de FMEA e do sistema, produto ou processo

Primeiramente, deve-se definir o sistema, processo ou produto analisado pela ferramenta. Assim, será estabelecido o tipo de FMEA a ser aplicado.

Estabelecimento da equipe multidisciplinar

A aplicação da FMEA dentro de qualquer empresa exige diversidade, qualidade e profundidade de informações. Isso só pode ser suprido com um time composto por especialistas de diversas áreas relacionadas ao sistema, processo ou produto em questão.

Dessa maneira, para a implementação da ferramenta, é necessário montar uma equipe multidisciplinar, com a inclusão de profissionais das áreas mais importantes para a questão que está sendo avaliada pelo FMEA.

Detecção das funções do sistema, processo ou produto

As funções e características descrevem o propósito ou objetivo do que está sendo analisado e devem ser listadas no formulário da FMEA. Dessa maneira, fica claro o que se espera do sistema, processo ou produto avaliado e quais pontos poderiam não ser alcançados com a continuidade do projeto. A partir daí, a identificação das falhas torna-se mais simples.

Identificação dos modos, dos efeitos e das causas dos modos de falha conhecidos ou potenciais

Para entender essa etapa, primeiramente é preciso compreender alguns dos conceitos utilizados na FMEA. O modo é a forma particular de fazer algo e a falha é a perda da função necessária. Ou seja: modo de falha é a maneira pela qual um sistema, processo ou produto pode falhar em atender a determinados requisitos.

Os efeitos dos modos de falha dizem respeito às consequências que esses erros trazem para os processos. A equipe deve determinar os modos de falha conhecidos ou potenciais e listá-los para cada função definida. Então, é preciso estabelecer os efeitos de cada modo de falha, ou seja, as consequências de suas ocorrências que são percebidas pelo cliente.

Assim, a equipe deve determinar as indicações de deficiência cuja consequência é o modo de falha, ou seja, identificar a origem de cada modo de falha (a causa). Todos esses passos podem ser conduzidos com o auxílio de ferramentas como brainstorming e registrados no formulário da FMEA.

Nessa etapa, aspectos como a criatividade e a experiência dos colaboradores envolvidos são muito importantes. Afinal, é necessário pensar em quais pontos o processo, sistema ou produto pode vir a falhar.,

Avaliação do potencial de risco de cada modo de falha

O objetivo dessa fase é determinar com maior precisão o quanto um modo de falha pode, de fato, afetar os processos de uma empresa. Primeiramente, deve-se avaliar a Severidade (S), a Ocorrência (O) e a Detecção (D).

Para tanto, a recomendação é contar com o auxílio de tabelas que podem ser definidas pela equipe, visando determinar uma nota em escala de 1 a 10 para cada um desses fatores, de acordo com sua gravidade:

  • Severidade: avalia o nível de impacto do efeito da falha no cliente;
  • Ocorrência: probabilidade de ocorrência das causas ou dos modos de falha, ou seja, quantas vezes isso já aconteceu ou pode acontecer;
  • Detecção: probabilidade de uma falha ser detectada antes de chegar ao cliente, a partir dos mecanismos de controle atuais da empresa.

Cálculo do RPN ou NPR (Risk Priority Number — Número de Prioridade de Risco)

O RPN ou NPR (Número de Prioridade de Risco) é o produto dos índices de Severidade, Ocorrência e Detecção. Assim, a partir desse valor, devem ser priorizadas as deficiências do processo, para que seja possível tomar ações preventivas e corretivas (é necessário ordenar o RPN do maior para o menor).

Elaboração das ações recomendadas

A partir da priorização, a equipe deve propor ações corretivas ou preventivas, visando reduzir os índices de Severidade, Ocorrência e Detecção. Além disso, cada iniciativa deve ter um responsável e um prazo definido para sua execução. Após a implantação das ações, os resultados precisam ser descritos no formulário da FMEA.

O que é e qual a importância do Número de Prioridade de Risco?

O cálculo do NPR é um dos pontos mais importantes da FMEA, pois determina a ordem de prioridade de intervenção nas falhas que foram identificadas. Por isso, vamos explicar melhor o que é esse índice e como ele é calculado.

Na avaliação do potencial de risco em cada modo de falha, os itens Severidade, Ocorrência e Detecção são classificados em uma escala de 1 a 10. Para a Severidade, 1 indica baixo impacto e 10, alto impacto. Já para ocorrência, 1 significa “nada provável de ocorrer” e 10, muito provável. Para a Detecção, por fim, 1 remete a muita probabilidade de identificar a falha e 10, pouca probabilidade.

A partir dos números obtidos, é possível fazer o cálculo:

  • NPR = Severidade X Ocorrência X Detecção.

Os valores mais altos mostram que há falhas com maior urgência de intervenção que, por isso, devem ser colocadas como prioridades. Esse processo é utilizado para classificar as deficiências dos sistemas.

Calcular o NPR é uma etapa essencial, pois permite a organização e a priorização dentro da equipe. Após utilizar uma ferramenta de gestão de riscos como a FMEA, os colaboradores podem ficar confusos quanto a por onde as mudanças devem começar. A classificação feita a partir do NPR indica os pontos que precisam de atenção por ordem, auxiliando toda a equipe.

A ideia é que, após a incorporação das ações de correção ao sistema ou processo, seja feita uma reavaliação da Severidade, Ocorrência e Detecção de cada modo de falha. Assim, um novo NPR será calculado e as falhas podem ser ordenadas mais uma vez, de acordo com a nova realidade.

Quais são os benefícios de utilizar a FMEA?

Como dissemos no início deste artigo, o gerenciamento de riscos é essencial para que as empresas se preparem para possíveis problemas e evitem perda de tempo com falhas que poderiam ter sido detectadas antes. A ferramenta FMEA traz, ainda, benefícios como:

  • redução de custos, devido à diminuição na ocorrência de falhas, retrabalhos, reparos, inspeção, recursos, paradas desnecessárias etc.;
  • menor tempo de desenvolvimento do produto;
  • melhoria contínua, por meio do registro de históricos e das lições aprendidas;
  • maior conhecimento dos problemas dos sistemas, produtos e processos;
  • redução do número de falhas e pontos fracos dos sistemas, processos e produtos;
  • garantia de produtos e processos com alta confiabilidade, segurança e qualidade;
  • atendimento às exigências dos clientes;
  • redução da necessidade de modificações nos projetos;
  • definição de um sistema de prioridades de melhorias, investimento, desenvolvimento, análises, testes e validações;
  • incorporação da atitude de prevenção de falhas, cooperação, trabalho em equipe e preocupação com a satisfação do cliente na organização.

Como ocorre a aplicação da ferramenta?

A seguir, vamos mostrar um exemplo de aplicação da FMEA de Produto que ilustra de maneira prática a construção e o preenchimento do formulário.

Primeiramente, foram definidos o tipo de FMEA e o produto a ser analisado: caneta esferográfica. Além disso, foram eleitos os membros da equipe para a construção da FMEA e, por meio de brainstorming, a equipe determinou os itens do produto (funções) a serem analisados, os modos de falha, seus efeitos e suas causas conhecidas ou potenciais.

A partir dessas definições, a equipe fez a avaliação do potencial de risco de cada modo de falha, determinando uma nota aos índices de Severidade, Ocorrência e Detecção. Para tanto, as métricas apresentadas nas tabelas 1, 2 e 3 foram usadas como base.

Estabelecidas as notas, o time calculou o RPN por meio da multiplicação dos três índices, para que fosse possível priorizar as ações. Além disso, foram definidos o tipo de mudança necessário e a ação a ser tomada. Para cada iniciativa, deve-se estabelecer um responsável e o prazo de execução.

Existem outras ferramentas de gerenciamento de riscos?

Para finalizar, vale destacar que a FMEA é apenas umas das ferramentas que podem ser utilizadas no gerenciamento de riscos. Outros exemplos são:

  • Análise Preliminar de Riscos (APR): consiste na montagem de uma tabela com todas as atividades de determinado processo e os riscos relacionados a cada atividade. Além disso, cada risco tem suas possíveis causas, consequências e medidas necessárias de prevenção descritas;
  • What if: trata-se da reunião de uma equipe com profundo conhecimento sobre os processos da empresa para um brainstorming de todas as possíveis situações de risco e suas causas.
brainstorming - FMEA

A FMEA é umas das ferramentas de gerenciamento mais eficientes e de baixo risco para a prevenção de problemas e a identificação de soluções eficazes em termos de custo. Usando-a, é possível poupar recursos e obter elevados níveis de satisfação entre os clientes.

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